Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Estudor (Opus 18)

Sabe aquele caderno em espiral é mentiroso, mas o caderno grampeado é verdadeiro.
Os bloquinhos de anotações são depósitos de ilusões, e o marca-texto é provocação.
A borracha apaga pecados, e o grafite sempre em dúvida, é indeciso. O lápis de cor faz teatro, enquanto o guache enfeita os desejos. Papel almaço resume histórias, o editor de texto salva da sedução. Planilha de cálculo faz as contas dos beijos, e os olhos fazem as vezes do coração.
Livro é suporte do monitor que escraviza, e a impressora já está bipolar. O lixo é boa companhia para os erros do crescimento, mas o telefone é fofoqueiro, escandaloso.
Régua cansada se entorta, e a caneta seca, sem tesão.
Cadeira conforta as nádegas surradas com suor pelo medo de ficar com zero.
Os armários guardam notícias em pastas fruta-cor, e caixas pretas não se revelam.
Pincel atômico vazou de tanto rir, pelo calendário que desmaiou.
E assim, a vida fugiu do compromisso da dor.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário