Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sympósion em comédia (Opus 17)

Muito fácil viver quando se tem o que beber, e se este líquido for o vinho o caminho torna-se prazer. Pretensão? Sim, pois o vinho dilata o tempo e asfalta a estrada.
Antigamente e nos dias de hoje este líquido precioso sempre é o combustível para alimentar conversas e amizades. O amigo Plat, melhor Platão, fazia boas reuniões em que as conversas eram capazes de distrair o tempo ali na Grécia Antiga. Tenho saudades das apresentações com músicas e danças feitas por escravas endiabradas (elas não bebiam). Coisa de arromba, da hora.
O vinho é a prova cabal que o tempo é contínuo canal de ligação entre a realidade visual e os sentimentos. O vinho leva a viver em quatro dimensões.
Reuniões ou encontros, seja lá o que for, são o culto as virtudes quando banhadas pelo vinho. Mas nem só virtude o vinho revela, tem as mais ridículas atitudes.
Tudo no inicio vem com carga formal de comportamento, mas aos poucos, um gole após o outro, o interior se expõe. A alma se revela límpida e cristalina, e tudo começa com sorriso de cumprimento.
Uma rodada na taça e os estágios de evolução vão se formando em cada um. O calor vai se espalhando pelo corpo, e quando menos se espera a face fica na cor de vinho rose. Aí, não se pode mais precisar quando às tontas atitudes começam. Neste momento fique atento, irá perceber vozes maiores nos cantos do encontro.
O sorriso é sempre o azeite de oliva de toda esta salada que se desencadeia.
Não existe o momento certo de parada, a maioria perde do ponto descida.
Teorias se formam por chatos que são soltos; olhos ficam com labirintite; línguas ficam escorregadias na boca; palavras batem na parede da razão, escapam da boca; alguns cheiram a água que acompanha; terremoto se apresenta em lustres que balançam.
Desculpe se não me apresentei, meu nome é Baco.

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