Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vem Brincar Comigo...

Um sono profundo apaga seu olhar e imobiliza seus movimentos. Parece sonhar esboçando um sorriso. Não consigo me afastar; quero estar bem perto admirando a serenidade que toma conta do seu adormecer. E como você fica lindo assim inerte!

Uma paz infinita invade o ambiente. O silêncio compactua com esse momento, porém não de forma tranquila. Sussurros discretos ao redor desconstroem todo o sossego. Por que não calam essas vozes murmurantes? São irritantes. Quero é gritar seu nome e lhe mostrar no espelho o seu rosto angelical. Como está bonito com essa roupa nova, camisa azul celeste da cor que sempre gostou.

Mas é apenas o final da tarde o sol ainda não se foi. Tão cedo ainda, por que você já dorme? Acorda! Vamos ver o sol caindo por detrás do mundo e dourando as nuvens em forma de leão... Acorda e vem brincar comigo! Não vou mais mexer na sua coleção de carrinhos, e você tem que conhecer Lili, minha última boneca... Ah já sei! É a sua caminha nova, toda coberta com flores cheirosas e aquecidas com as luzes dessas lindas velas. Deve ser macia e lhe fazer feliz... Sua face expressa tanta alegria; depois quero saber tudo o que sonhou.

Agora um sino tange e todos se aproximam. Parece que desejam levá-lo para outro lugar... Vem um adulto, me toma nos braços e afasta-se comigo. Mas eu queria tanto ficar só mais um pouquinho perto de você. A noite nem chegou; ainda tem alguns raios de sol brilhando nesse fim de dia.

Prometo que amanhã, eu fujo e volto. Sem ninguém perceber vou acordá-lo, e nós vamos correr bem longe; lá naquele campo com gramado verde...

Ceres.

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