Escrever e não ler não dá o que comer dizia meu avô, e assim meio perverso busco falar ao interlocutor. Formas e detalhes característicos invadem a mão, e se desenha na mente no ato de escrever, mas basta o estalo e se pulveriza. Perco a idéia central, fujo da crônica
Deve saber que perfeição não existe, mas a linguagem por vezes trava pensamento.
Julgo ser persistente, mas o discurso que deve ser leve entorna na vírgula errada, no ponto mal acabado. O final épico sempre é desastroso.
Deve entender que ao criticar o escrito, que na maior parte das vezes é invenção, são tolices do cotidiano. O humor que se emprega pode ser emprestado de fotografias de Polaroid urbano.
Entendo que pode ficar bravo, e bravo fico se da crônica acabo em conto.
Crônica é esperança de todo escritor, que de tonto fica frouxo de desejo para escrever. Não tem forma, e é como o verão deve ser; leve e frutado. Não é bula de remédio, e se fosso remédio o seria para depressão, autismo.
Para ler deve ser fácil, mas é difícil de ser construído, imaginar. Vem de cesariana, parto pré-maturo e às vezes de combustão espontânea.
Escritores a amam, como os amores que se busca para viver, e que diga nosso amigo Vinícius de Moraes.
Ela não nasce em hospitais, mas sim das safadezas das esquinas da criação. É prazer, e sem o leitor não tem gozo.
Para outras formas de escritas até que tem receita, mas para a crônica não. Se aceita pela fé, não é ciência.
Crônica é uma mulher amando; um homem sem algo em que acreditar; tesão; um curitibano amando, curitibando; pegadinha; para seres de alma livre; um eterno amante; uma vida aberta para o desejo; uma brincadeira de criança; um exercício de felicidade.
Crônica é você leitor, que acabou de torná-la realidade.
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