Fórmulas matemáticas e álcool. Oito em cada dez frequentadores do Largo da Ordem vivenciam ao menos um destes prazeres. A estatística não possui uma fonte oficial, portanto se você, meu caro, necessita de dados oficiais, pode trocar meus números pelo termo “maior parte”.
Se a noite é de calor, a história se repete: bares lotam as calçadas com suas mesas e cadeiras de madeira. Olhando ali, a pluralidade dos clientes se mistura e já não se consegue os observar individualmente. Sabe-se apenas que, na média, a combinação álcool e cotidiano nutre a ideia de lazer – que os trouxe até ali.
Mas independente de calor ou frio as salas do curso pré vestibular ao lado estão sempre lotadas. Ironia ou não, elas possuem uma visão panorâmica para os bares. Tortura, só pode!
Cada grupo com seus prazeres e obrigações. Mas olhando daqui, da calçada, com a pressa que andamos, o que vemos são duas enormes massas. Sem pensar definimos: de um lado, os que se divertem no bar, do outro os dedicados que se esforçam
Em meio aos que se divertem no bar, temos os inconformados, os não correspondidos e os deprimidos, que veem na bebida uma última alternativa antes da derradeira saída – pela janela. Já nas salas de aula, olhando aqui de baixo, não percebemos os que vagam em seus pensamentos, longe dali (talvez no bar). Isso sem contar os que começam belos relacionamentos com uma quase inocente troca de bilhetes escondida. Jamais conseguimos perceber as individualidades olhando de fora. Parte por pressa, parte por comodidade.
Passando por aqui, entre bares e salas de aula, perdidos em nossos devaneios, não nos dispomos a perceber a individualidade dos outros. E para eles, se é que me percebem aqui, sou apenas uma peça que compõe a massa dos errantes caminhantes – sem individualidade alguma.
Profi, Rafael, profi. Muito pertinente a dualidade e a forma como você a abordou o tema na crônica.
ResponderExcluirMonica