Chuva,chuva,chuva. Embora invisível, imóvel e adornada por um sol de rachar dentro de uma noite fria, a chuva evidencia impiedosamente o vazio absoluto de minha total falta de inspiração.
Procuro respostas num tal Oráculo de Mercúrio. Mas ninguém me avisou que o individuo estava em greve.Ou estava me boicotando o safado!fazendo-se de difícil ignora indagações importantíssimas e vitais:Vou ficar rica nos próximos três dias? O que tem dentro do pastel surpresinha nesta noite? Será que as crônicas que escrevi sobre a última oficina de crônicas,ficaram com jeito de crônicas ou de romance policial?
Ando no movimento solitário da Praça da Ordem... Olho Godô e vejo sua cara que de tão inexpressiva, me provoca. Não está com o mesmo ar de cumplicidade e mistério de uma estátua equina que se preza. Mudou Godô ou mudei eu? O pobrezinho, pode estar com medo de Mercúrio que se julga o deus das comunicações.Como Godô desvia o olhar, não insisto. Saio de perto e continuo em busca de respostas.
Ouço palavras soltas admiráveis e significativas para quem as diz, mas que para mim nada dizem. Frases como: "Vou num pé e volto noutro!" "Tu tá instalado em Maringà?" Enfim frases vazias como pastéis de vento.
Prossigo caminhando...Vejo figuras alegres nos barzinhos iluminados. Risos. Risos. Risos. Riem de tudo, e riem do nada. Não consigo entender o que conversam. Parecem falar num outro idioma todos ao mesmo tempo. A chuva invisível e imóvel descontrói as palavras.
Então resolvo mandar Mercúrio para um lugar que não posso falar e muito menos escrever, pois sempre me ensinaram que merda é palavrão. Volto para sala de aula e espero ansiosa por um retorno e comentário em relação aos nossos últimos exercícios.
Ah!Então era isso que no seu silêncio Mercúrio quis me dizer: "- Não vai dar tempo minha cara!"
Pois não é que o Oráculo funciona mesmo! Eu que não soube interpretar...
Ferdinanda Embrião.
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Quinta que vem vamos conseguir, espero.
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