Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Amante (Opus 10)


Amigo, tenho por mim que serei, em curto espaço de tempo, um defunto ilustre no fundo dos olhos daquela mulher. Ela irá relevar minhas faltas, pois vou me adaptar facilmente a seus gostos. Sou incondicionalmente cúmplice de suas vontades, desejos.
Aliado maroto a sua crise de rebeldia, deixarei acender e apagar sua chama de desejo por toda noite que puder roubar dela. Não tenho ciúmes, e sou sempre dado a amores novos. Preencho vazios. Coração não fica na ponta do medo, aproveita intensamente os segundos que não terminam. Vivo.
Amigo, espero que ela esqueça o que muitos dizem. Tenho um coração quente e sou amarrado pelo corpo. O suor das mãos dela é o tempero da minha fome.
Tá! O ibope vem aumentando, e tenho agenda cheia, mas nunca me esqueço da mulher. Ligo quando menos espera. No que faço não existe profissionalismo. Já imaginou Don Juan empregado? Não pode ser. Amo todas as mulheres, e transformo suas necessidades escondidas em atrevimentos reais.
Dou flores na tarde morna; beijos na nuca; trago arrepios que se espalham no corpo dando a notícia da paixão; fogo; falo na hora exata de sua vontade; beijo; ser dela quando estivermos sós; forte na medida certa; gozo; cafajeste para corromper honestamente o coração; deixar o tempo para os outros e dar-lhe vida; intensidade; morder os lábios carnudos dela e transformá-los em beiço pronto para o choro quando partir; fazê-la sentir-se criança querendo mais, e mais, e mais.
O romance pode escrever nossa história, e a novela que veja em casa.
Eu? Sou uma crônica: leve, ligeiro, alegre e sedutor.
Amigo, aquilo de querer, ainda me levará até ela.

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