Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Endecha a Saramago


Manolo Ramires - bloginparana
Jornalista e Cronista

Naquele dia ninguém morreu. Quisera muito este cronista abrir os periódicos, visitar os obituários, abrir sítios e ver os telejornais com a notícia de que naquele dia alguém sequer partiu. Mais isso seria uma tremenda tolice como desejar a vida eterna com suas rugas, a felicidade esquizofrênica, a desumanização de Cristo ou dar um elefante de prenda via Sedex. Se ninguém morrer, natural será que ninguém vá parir neste mundo e ele, aos poucos, se transfiguraria numa monarquia de párias.

Por isso foi que naquele segundo subseqüente refleti quão importante é um ídolo nietzschiano a nos guiar por sentenças simples, com seus diálogos entre vírgulas e provocadores. A nos arrefecer com seu sarcasmo lusitano e a nos fazer agradecer pelas bofetadas em nossa mente.

E meio sem esquadro, notei que naquele minuto posterior calou em mim o silêncio para que o grito sussurrasse pela liberdade do corpo, do formato e da forma que tocasse uma sonata em sua memória. Pois naquele dia 18 de junho de 2010 ele, José Saramago, naquele dia ele morreu.

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