Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

sábado, 17 de abril de 2010

Fissão Nuclear

Um dia sentado na praça, sentindo o vento no rosto e pensando em qualquer coisa,respirei fundo e chorei. O mais trancafiado, dolorido e libertário choro. Era como se a torneira fosse aberta e não tivesse mais como fechar. E ao mesmo tempo eu sorria, como se visse graça naquela cara de bobo que fazia ao chorar. O corpo tremia igual vara verde. Eram espasmos jorrando corpo à fora. Uma revolta interna que finalmente chegou à superfície e com isso alcançara a liberdade. Eu trancafiava aqueles sentimentos misturados em forma de angústia. E, tal qual uma bomba, explodiu.
Fui sentindo a poeira baixar, cada fragmento plainando no ar até encostar no chão. A vista que estava turva, embaçada, agora conseguia avistar o horizonte. O mundo não havia acabado, nem mesmo sentido sequer abalo com a voracidade da bomba. O dia fazia sol, com vento refrescante.
Limpei os olhos com as mãos e funguei a coriza. Nada havia mudado. As pessoas andavam normalmente pela rua, passando pelo meio da praça e seguindo adiante. Respirei fundo e levantei. Abri um sorriso e segui adiante tão leve quanto uma molécula de hidrogênio.

Barba Ruiva

3 comentários:

  1. Li e curti.

    Curto e pungente.

    Sério como pago pau pra quem escreve "coriza", "catarro" e variações sem deixar o texto nojento, hehehe. Au contraire, c'est très bon.

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  2. Alcançar a liberdade atraves dessa explosão: o choro. A explosão que liberta a alma, alivia nos tornando tão leves como a pluma. É bom as vezes permitir essa explosão.

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