Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Herois e Heroinas.

Oi, meu nome é chapeuzinho vermelho. Ô inteligente! Claro que é meu apelido. Sempre foi, desde a época que eu era boazinha.
Mas não vou dizer meu nome verdadeiro de jeito nenhum. Nem sob ameaças de cócegas.

Sou uma menina muuuuuuuito má. Hoje vou levar alguns doces para vovozinha que mora no outro lado do bosque. Ela também não é flor que se cheire.

O que ninguém sabe que os doces, bolos e salgados são um disfarce. Na verdade embaixo de todas essas porcarias, digo, iguarias, escondo coisas muito mais interessantes.Por exemplo: pedras de crack, pacotinhos com maconha e outras cossitas do tipo.

É.Comecei cedo mesmo. No portão da escola onde estudo. E olha, que é um colégio caro. Fui iniciada diante do nariz dos diretores, supervisores da escola e sob a passividade cômoda de meus pais. No inicio, só queria ver como era a famosa viagem. Acabei gostando e não consigo mais parar.

Agora, divido tudo com vovozinha uma velha bem moderna que me incentiva no negócio. Ela me ajuda mesmo! Até para vender meu corpo quando falta grana, ela arruma uns clientes bem legais. Alguns chamam isso de prostituição infantil, mas não sou mais infantil.Tenho treze anos! Criança pra mim é até os cinco.

Meus pais nem se dão ao trabalho de saber aonde vou, com quem vou. Basta eu dar uma desculpa esfarrapada qualquer: - Vou estudar na casa da Cinderela - digo sempre.

No caminho da casa da vovó, andando pelo bosque, faço questão de deixar tudo emporcalhado. Deixo muitas garrafas pet pelo caminho, Acendo uma fogueirinha para espantar pássaros e insetos sem me importar se ela pode se alastrar.Tem um riacho onde jogo vários pacotes plásticos e vidros. Essa história de preservar a natureza é tudo balela.

Então, no meio do caminho me dá vontade de experimentar a mari joana... Vai dizer que não sabe o que é isso seu bocó? Pois vai ficar sem saber.Quando estou assim, fumando numa boa, e enchendo de fumaça tudo em volta,aproxima-se de mim aquele lobo idiota com uma conversa fiada. Eu gosto de chamá-lo de Lobobão. Antigamente, bem antigamente mesmo ele se chamava Lobo Mau.

Vejam só o papo careta do camarada:

- Bom dia menina!
- Hum...
- Você não sabe que é perigoso andar sozinha nessa floresta?
- Hum...
- Tem pessoas muito malvadas hoje em dia, que estão poluindo tudo.
- Hum...
- Onde você está indo? Na casa de sua vozinha?
- Hum...
- Você leva muitos salgadinhos e doces para ela?
- Hum...
- Tem que tomar cuidado com saúde daquela senhora! Muitos doces e salgados podem desencadear o diabetes ou aumentar o colesterol.
- Hum... (Será que o idiota não sabe que a má aqui sou eu, e o que tenho na cesta?)
- Mas a manhã já está alta. É melhor você ir andando.

Então tenho uma grande ideia. Vou pedir ajuda da vovozinha para prender este lobo.Podemos sacrificá-lo, tirar a pele e fazer um casaco. Vendendo o casaco poderemos ter mais uma graninha e incrementar nosso negócio... Bem, vocês sabem o qual né?

- Seu bobo, digo, seu lobo! Estou com medo. Você me acompanha até a casa da vovó?
- Claro Senhorita! Será um prazer protegê-la dos perigos.
- Então vamos Lobo Bom. (Idiota lobobão)

Bem, então lá vamos nós até a casa da vovozinha. Já estou com meus planos traçados.
Espero que nenhum desses insuportáveis super heróis, que ainda não viraram a casaca, estraguem meus planos: matar o lobo bom. Ou lobobão... Sei lá...


Ferdinanda.

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