Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

domingo, 9 de maio de 2010

Diabas (Opus 4)

Muitos cronistas já receberam a visita do diabo, “o coisa ruim”, a besta. Não uma, ou mais vezes, que se pareceu elegante e eloqüente. Para mim, chegou-se na forma da vingança das mulheres não correspondidas.
Meu senhor, te digo, é a forma de maior tortura do deus zebu.
Comprei cigarros e cai fora. Tinha outra paixão. Julga que é a decisão mais acertada? Errado, pois antes tivesse dito algo, mesmo que fosse para uma função fática de linguagem. Mas não, a anta aqui deu o silêncio. O silêncio é a oficina do diabo, e em mulher largada isso é um vulcão explodindo.
Mulher se entrega totalmente, não vê limites quando esta enamorada. Já os machos, vêem um odor diferente e o falo já responde. Mulher é linda, fiel, amorosa, mas é indomável quando não correspondida. Transfigura, chega sair fogo pelos olhos e espuma pelos cantos daqueles lábios angelicais. Dá é medo. A cura? Outro amor, mas enquanto não passa haja justiça...
Certo dia, passados alguns que julguei o bastante, a encontro na porta da igreja. Não que seja religioso, era a precaução que me fez procurar Deus... e antes fosse confissão, é às escondidas. Então, melhor correr pelado no corredor da escola com todos rindo da falta de tamanho.
Não tem argumento. Não para de falar.
- Que falta de consideração? E o que passamos juntos? Não pensou em nossos filhos? E eu como fico?...
Falar o que meu senhor. Fico ouvindo, ouvindo.... até entupir os ouvidos.
- Pare. Chega.
- O quê? Você manda parar.
- Chega, basta. Escute. Não amo mais você, tenho outra pessoa.
Tabefe... com cinco estrelas e dois passarinhos.
Ela se dirige para casa, e eu fui para a igreja, mas até aquela estátua gélida me olha com desprezo. Senti o que fiz...
Nunca mais me procurou ou falamos daquele dia. Precisava sim era ouvir, daquela boca que a beijara, que não a amava. Não o silêncio de um covarde.
Já troquei de mulher novamente, mas tapa não levei, levei foi um pé na bunda, fui largado.
A vingança? Ver o amor entregue, com um límpido sorriso de desprezo, a outro homem enquanto minhas nádegas ainda doíam.
Meu senhor, cuide-se... elas todas se comunicam, são umas diabas.

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