Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Indignação

- Olá! Você tá aqui hoje?

- Ih! Já vi tudo, vai ser o dia da confusão.

- Como assim?

- Os fregueses do Sr. José vão começar a chegar daqui a pouco e você vai ver só do que estou falando.

- Boa noite Sr. José. Hoje as mercadorias estão bem fresquinhas?

- Claro, minha senhora. Só trabalho com hortifruti direto do produtor.

- Ah! Sei. Então não é o senhor que planta?

- Só planto algumas coisas.

- Tá, de tudo isto da sua banca o que o senhor planta então?

- Cenoura, beterraba, alface, salsinha, cebolinha, nabo, rabanete ...

- Nossa! Então sua chácara até que é grandinha.

- É podemos dizer que sim.

- Quer ver só ela nos confundir?

- Como assim?

- Olha como o Sr. José nos colocou na banca, um do lado do outro. É só para gerar confusão.

- Nossa! Como você está esquentadinho!

- Espera aí. Esquentadinho não.

- Tá, como você quer que lhe chame então?

- Pelo nome certo oras. Ih! Lá vem ela. Primeiro me aperta para ver se não estou murcho. Depois aperta você, quer ver só.

- Ui! Como ela pega firme.

- Agora ela vai é claro, trocar nossos nomes e você ainda acha que devo manter a calma.

- Ô seu José, me veja estes nabinhos aqui.

- Não falei. Já errou.

- Não liga não, as pessoas confundem os nomes é só isto.

- Claro que ligo, a vida toda é assim, ninguém sabe a diferença entre eu e você. Tá na cara. Dá até vontade de gritar para ela. Mas ela não iria me ouvir mesmo.

- Olha freguesa, aqui estão seus rabanetes bem fresquinhos.

- Obrigada seu José, outro dia eu levo o nabo então.

- Não falei, ela não sabe nada, disse aquilo só para não ficar por baixo do seu José.

A feira continua, vem freguês, vai freguesa e o troca-troca de nome também continua e é claro a indignação do Rabanete.

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