Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

No ônibus



Vou falar. Ainda que não queiram. Vou falar porque agora quem tem que ouvir são vocês. E tem mais: vou gritar, berrar, explodir seus ouvidos, criar neles um zumbido ensurdecedor, um eco eterno e insuportável. Vou levá-los, vocês todos, a um estado de mais pleno desespero.Ouviram?!
Não, certamente eles não ouviram. Pois, pela enésima vez, não tive a mínima coragem de falar. Só pensei (claro!). Mas bem que eu gostaria de, ao menos uma vezinha, perder uma de minhas máscaras - aquela que me faz manter a compostura apesar da raiva - e gritar, gritar em alto e bom tom. Sem medo. Sem piedade. Sem receio qualquer. Ah, como eu queria. Mas só mentalizo, mentalizo, mentalizo, como se fosse uma oração: "Desliguem esse funk que eu quero ler em paz!"
Vai que uma hora funciona.

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