Blog dos participantes da Oficina Crônicas: entrevistas com o cotidiano do Setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba - 2010.

domingo, 9 de maio de 2010

A manhã de cada dia (Opus 5)

Adoro as manhãs, lá por volta das seis horas em diante. Aquele momento dá-me prazer, e não poderia ser diferente. O Cara foi genial, e é a melhor forma de iniciar o dia depois de dormir. Já imaginou despertar em plena três horas da tarde, no caos, ninguém merece. Certo que existem aqueles fora da curva, mas aí são outros quinhentos... As manhãs são silenciosamente confortantes.
Espero eu, que o dia em que as manhãs não mais vierem, que meu despertar seja junto a um monte de virgens lá no paraíso. Sonho? Talvez, mas também jogo na loteria e daí. Bom, melhor não. Imagina um monte de virgens, com aquele cheiro forte de necessidade. Virgens, como as mulheres, são todas doidas de paixão, não vou dar conta. Melhor, mas melhor mesmo, será uma única anja não virgem. Está difícil, então volto, a ficar com as simples manhãs que o Cara me deu e pronto. Volto para o silêncio do inicio do dia.
O silêncio da manhã é um discurso da natureza para se refletir, para dar-se a liberdade de cometer loucuras inofensivas, mudar detalhes no viver. O negócio é exercitar, nem que seja hoje comer ovo mole em vez de duro, nem que seja ouvir uma musica, como The Guitar Man, e chorar de rir pelas lembranças.
As manhãs permitem um novo começo, mas não se emocione tanto assim, isso não é para tristeza.
Lasco-lhe provas. Certo dia, a caminho do trabalho, a pé, vejo o casal indo a seu destino. Pessoas simples, ela com uma bolsa a tiracolo, e ele com uma pasta na mão escrita Metalúrgica Padrão. Andavam com umas caras de pão amanhecido, amassadas. Eu observo-os como é de costume, estava indo a confeitaria. Ambos olharam para o lado esquerdo, depois para o direito e seguros atravessaram a rua num ritmo um pouco mais acelerado. Ao chegarem próximo ao ponto de ônibus, como se fosse o fim de uma viagem, ele mansamente procura no vazio daquela manhã a mão dela. Ela, levantando seu olhar morno, lança um olhar de sorriso, fica surpresa. Pude sentir uma alegria que brotou naquele rosto.
Percebo então uma loucura inofensiva. Loucura que em um mínimo instante muda um viver, e que não só a eles, mas a mim fez bem.
Então é assim, lá pela manhã, pelo meu despertar, desejo ser o único homem na festa, ser como Armando Nogueira, amante de Nossa Senhora. Fico bem, e desejo que o esportista da crônica dê um toque em nossa pretendente... que o amigo fique bem.

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